Quem vos escreve?
date
Apr 25, 2016
slug
quem-vos-escreve
status
Published
tags
Arte
Ciência
Filosofia
Religião
summary
Saiba mais sobre o autor do blogue Caraumã.
type
Post
Estimado(a) Visitante,
Com sincera acolhida, contemplo a mescla de gratidão e júbilo ao que te trouxe até aqui, em busca de saber um pouco mais sobre aquele que vos escreve.
Bom, de tempos em tempos, o espírito me conduz a esta senda, reminiscente de Ulisses retornando à Ítaca, a trazer comigo novos trechos dessa jornada, baús com desenhos, rabiscos de pensamentos, códigos, equações ou pinceladas frescas.
E que não vos assuste encontrar, nessa vetusta bagagem, temas como arte, ciência, religião ou filosofia.
Nascido em Roraima, estado localizado no norte brasileiro, tive uma infância a sonhar com viagens infindas, perdendo-me no liame abandonado às margens de uma antiga pedreira nos limites da cidade, defronte pro lavrado que se extende até a beira do rio Cauamé.
Antes de ser pedreira, parte deste espaço compunha uma invasão numa antiga área chamada “Barradas”, que posteriormente fora limpo e loteado. O rio Cauamé visitava muitos desses lotes nos invernos mais rigorosos.
Foi nesse contexto, em que me vi criança cheia de felicidades com suas descobertas e tesouros escondidos. Foi onde sonhei primeiro ser arqueólogo, profissão que acreditava satisfazer as minhas curiosidades de criança.
Vi ali também, muitas flores desabrocharem entre o lavrado e os resíduos descartados, antes mesmo de alçar voo para qualquer outro jardim.
Ali compreendi que por mais bela ou desvanecida que seja qualquer miragem, é no cerrar das pálpebras que a contemplação vislumbra sua plenitude. E que a beleza se reconhece na sabedoria e nas rugas das mãos daqueles que plantam com a mesma força, leveza e tenacidade com que fazem uma prece.
Assim, então, cresci em tamanho, junto de minhas três irmãs e irmão, para me tornar engenheiro eletricista, profissão que herdei de meu velho falecido pai, e com os conhecimentos que herdei de minha mãe.
Assim, tal qual argila moldada pela fluidez da água, a remover da pedra tudo que não é pedra, pelo cinzel do artífice, ou pelo fogo do artes̃ao, ou quem sabe dos matizes do pintor ou na dança da expressão.
Foi dessa sinfonia da vida, com toda a sua musicalidade, que se extende da alvorada ao anoitecer, que nasceu este pequeno espaço em formato de blogue, para desaguar em caminhos de igarapé o suor que escorre da fronte daquele que, com amor, capina e planta nos jardins ocultos dos olhos do mundo sem fim.
Sinta-se à vontade para explorar este espaço.
Cordialmente,
02 de agosto de 2016. Boa Vista, Roraima (Brazil)
~ J. Caraumã.
About the Author (English version)
Dear Visitor,
With sincere welcome, I behold the mingling of gratitude and joy that has brought you here, seeking to learn a little more about the one who writes to you.
From time to time, my spirit guides me down this path, reminiscent of Ulysses returning to Ithaca—bearing fresh fragments of this journey: chests filled with sketches, scribbled thoughts, codes, equations, or newly laid brushstrokes.
Do not be startled, then, to find in this ancient baggage themes of art, science, religion, or philosophy.
Born in Roraima, a state in northern Brazil, I spent my childhood dreaming of endless voyages, losing myself along the neglected track by the edge of an old quarry on the city’s outskirts, facing the open savanna that stretches to the banks of the Cauamé River.
Before it became a quarry, part of this land was an informal settlement in an old area called “Barradas” (something like Dams), later cleared and parceled out. In the harshest winters, the Cauamé River would visit many of those lots.
It was in that context, as a child brimming with delight over hidden discoveries and treasures, that I first dreamed of becoming an archaeologist, a profession I believed would satisfy my youthful curiosities.
There, too, I saw flowers bloom among the open fields and discarded debris, even before they could soar to any distant garden.
It was there I learned that, however beautiful or fleeting any mirage may be, it is when we close our eyes that contemplation reaches its fullness. And that true beauty is recognized in the wisdom and the wrinkles of the hands of those who plant with the same strength, gentleness, and tenacity with which they offer a prayer.
Thus, I grew, alongside my three sisters and brother, to become an electrical engineer, a profession I inherited from my late father, enriched by the knowledge passed on from my mother.
Just as clay is shaped by flowing water, stripping away from the stone all that is not stone, by the artisan’s chisel, by the craftsman’s fire, or perhaps by the painter’s hues or the dance of expression.
From this symphony of life, with all its musicality stretching from dawn to dusk, was born this small blog-space, channeling into the streams the sweat that falls from the brow of one who, with love, weeds and plants in the hidden gardens of the world’s endless gaze.
Feel free to explore.
Cordially,
August 2, 2016
Boa Vista, Roraima, Brazil
.png?table=block&id=24208a10-832a-801c-85fe-cbc8c25c2227&cache=v2)