Meu amigo silfo
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May 3, 2025
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Arte
Poesia
Caraumã
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Poema sobre o meu amigo Silfo, o espírito do vento, amizade de infância em Roraima. Emoção, natureza e memória no Cauamé.
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Meu amigo Silfo
Meu amigo Silfo está no vento, Não tenho outro amigo senão o vento. Silfo me fala, o vento não cala; Silfo vem e passa, e eu fico. Gosto de vê-lo brincar nas folhas, Abrir o ar como quem abre uma porta, Fazer o mundo respirar, só por um instante. Nesse silêncio, Silfo é silêncio, e eu sou silêncio. Não me perguntei de onde ele vem, O vento sem causa e sem destino. Basta que eu o sinta, e aí já sei de tudo, E ele sabe de mim; ele pode me ver. Silfo pousa suave nas minhas mãos, Mas não posso agarrá-lo - vive solto no ar. Ele escorre nos dedos como um rio, E eu corro na terra com ele a brincar. Sou eu que o busco quando penso no ar, Chamo seu nome, que não se pode falar, E ele me mostra o nada que é tudo, Sua casa transparente a flutuar. Meu amigo Silfo é o vento do vento. Mas veja só, quando um passarinho machuquei, O dia todo chorei; ele comigo chorou, Enxugou minhas lágrimas, e como, eu não sei. Meu amigo fiel, canto para te ver brincar, E brinco para te ouvir cantar. Subo a serra; tu vens me segurar. E, do alto do pé de carambola, Olhamos o rio Caumé passar. Meu amigo, Silfo, obrigado Por, desde criança, me acompanhar Ainda hoje, homem crescido, Tua amizade me faz emocionar. Não ria de mim, eu vou passar. Já que tu não envelheces E voas no espaço leve, Um dia, na tua morada, eu te prometo Tua família hei de visitar. ⁂
~ J. Caraumã. Reflexões em 03 de maio de 2025.