Pássaro azul

Pássaro azul

É com a tinta da noite E os impulsos do coração que te escrevo - Como a emoção da tua presença me inspira! É na quietude das horas tardias, Entre o arranhar e o lavar dos pratos, Que te encontro na janela da minha alma, Tua plumagem azulada A refletir o celeste Dessa alma que dorme em paz. Vejo-te no alto do mamoeiro, Onde repousas, majestoso, Em tua torre de contemplação; És uma testemunha silenciosa Do vento que adentra Nesta casinha-mansão. Ali, entre as folhas verdes E os murmúrios da brisa, Que acariciam os frutos dos teus desejos, Tua presença É meu convite Para olhar no espelho. Mas como poderia descrever-te? Como outros poderiam te ver? Sempre falo de ti e de teus olhos negros, cintilantes, Mas, quando apareces, és tão múltiplo, e incerto, Que nunca pareces com o desenho que fiz de ti! E tenho de fechar meus olhos para ver-te. ⁂